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Assédio Moral no Trabalho

A degradação do ambiente de trabalho é uma questão delicada e ainda pouco discutida com embasamento. No entanto, deve ser alvo da preocupação dos empresários

Por: Natália Barros

Em primeiro lugar, o assédio moral caracteriza-se pela humilhação sistemática de um ou mais funcionários, considerando que esta seja danosa para a vida do indivíduo. As conseqüências podem ser físicas e/ou emocionais, como depressão, pensamentos suicidas, isolamento, irritabilidade constante, entre outras.

O trabalho na contemporaneidade implica em uma forte cobrança de resultados e exigência de qualificações, que geram medo e incerteza por parte dos trabalhadores. No entanto, é necessário considerar que tal pressão faz parte da dinâmica empresarial. O que não deve ocorrer é a transformação disso em abuso de poder, maximização freqüente dos erros, ofensas repetitivas, algumas vezes em público, ou qualquer ação que degrada o funcionário. No Brasil há um aumento do número de Leis, de projetos de Lei e das discussões sindicais sobre o tema, pois existe uma intensificação dessa prática.

O assédio moral pode ocorrer entre gerentes e trabalhadores em outras ou nas mesmas posições na empresa e pode partir tanto de um indivíduo, quanto ser uma prática comum ao próprio ambiente. É importante pontuar que o assediado não costuma ser uma pessoa com baixas qualificações, pelo contrário, gera desconforto no assediador justamente por este sentir inveja ou certa ameaça. O assediador acredita estar agindo corretamente, mesmo tornando o ambiente de trabalho desagradável e hostil. A relação com os demais é desprovida de ética e marcada por manipulações perversas. Segundo a pesquisadora francesa, psiquiatra e psicanalista, Marie-France Hirigoyen, o cerco contra um trabalhador ou mesmo uma equipe pode ser explícito ou direto, sutil ou indireto.

Para prevenir esse tipo de situação, os empresários precisam desenvolver um sistema de normatização de relacionamentos e de ações dentro da empresa. Assim, fica mais fácil identificar o assédio, caso este se faça presente. A família pode funcionar como uma rede de apoio e os colegas de trabalho também podem ajudar, denunciando o que for impróprio aos superiores, pois o assediado costuma ter dificuldade em expressar o que acontece por sentir sua dignidade ferida.

Certamente há dificuldade em medir o assédio e, principalmente, julgá-lo. O abuso, na maioria das vezes, acontece de forma sutil e não há outra maneira de lutar pelos direitos judicialmente, a não ser apresentando provas plausíveis, como e-mails e gravações. Faz-se necessária essa apresentação, pois há casos de pessoas pouco realizadas profissionalmente, que tendem a se vitimizar diante da cobrança em nível razoável por parte da empresa. Por isso, a justiça exige um acompanhamento psicológico do caso, levando em conta que o assédio é medido pelo resultado provocado, pelo dano efetivamente causado a vítima, como a doença psíquico-emocional.

Por isso, você que é empresário precisa ficar alerta e levar a sério as denúncias feitas pelos funcionários. Analise cada depoimento e peça orientação, se necessário, para evitar que a situação chegue a nível judicial. Invista em um ambiente adequado, detentor de ética, compromisso e respeito. Assim, o assédio moral passará longe do seu empreendimento.