Mais da metade dos consumidores brasileiros (53%) admitem ter realizado pelo menos uma compra por impulso nos últimos três meses, de acordo com levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e o portal de educação financeira Meu Bolso Feliz, divulgado para EXAME.com.
O percentual é maior entre as mulheres (57%) e consumidores da classe A e B (61%), com ensino superior incompleto (69%) e renda própria (58%).
O maior motivo que leva os consumidores a comprar por impulso são promoções (51%). Preço atrativo (31%), características do produto, como funcionalidade e beleza (6%), além de facilidade de pagamento (4%), também incentivam compras não planejadas.
Para Marcela Kawauti, economista do SPC Brasil, descontos que, à primeira vista, facilitam a compra, dificilmente serão compensados caso o consumidor não consiga pagar a fatura do cartão de crédito e caia no cheque especial. “Nesse caso, a compra pode sair mais cara, principalmente em tempos de juros mais altos”.
Supermercados (30%), shoppings (20%), lojas virtuais (17%) e lojas de rua (14%) são os locais nos quais as compras por impulso são mais recorrentes, de acordo com os consumidores. Segundo os entrevistados na pesquisa, lojas de departamento (28%) e sites (22%) são os que mais facilitam o acesso ao crédito, estimulando as compras por impulso.
A pesquisa foi feita com homens e mulheres com 18 anos ou mais, que vivem em 27 capitais brasileiras. Os dados foram coletados pela internet entre os dias 23 e 31 de março. A margem de erro da pesquisa é de 3,8 pontos porcentuais.
O que fazer
A compra por impulso é um dos principais motivos do descontrole financeiro, de acordo com o SPC Brasil. A falta de equilíbrio do orçamento impede que os consumidores tenham uma reserva financeira para lidar com gastos imprevistos ou realizar metas.
Nessa situação, o risco de inadimplência tende a aumentar, pois dívidasacumuladas podem comprometer o pagamento de gastos essenciais, como as despesas da casa.
Esse risco é ainda maior em um cenário de inflação alta e aumento do desemprego, diz Marcela. “Com o aumento dos preços de gastos essenciais, como transporte, energia elétrica, água e remédios, qualquer compra adicional pode comprometer mais as finanças”.
Monitorar o orçamento mensal ajuda o consumidor a ter uma visão de sua renda e despesas e evita que o dinheiro comprometido com gastos fixos seja utilizado para compras, diz a economista-chefe do SPC Brasil. “Quem compra por impulso geralmente não tem noção do quanto gasta. Ver onde está exagerando é um incentivo para parar”.
Outra maneira de controlar os gastos impulsivos é determinar um limite de valor para compras supérfluas por mês, diz Marcela. “O importante é que essa despesa fique dentro do orçamento e seja sustentável”.
Quem já está com o orçamento desequilibrado deve buscar regularizar as contas em atraso o quanto antes, seja levantando uma renda extra para quitar as dívidas, cortando gastos ou transferindo o débito do cheque especial para outra linha de empréstimo mais barata, como o crédito pessoal, por exemplo.
Fonte: Exame